A Segurança Psicológica faz parte do cotidiano da sua empresa?
A Segurança Psicológica é um tema importantíssimo que vem ganhando espaço atualmente nas organizações, mas, que na verdade, já é estudado há algum tempo.
Esse assunto despertou interesse das empresas ao redor do mundo quando o Google divulgou, em 2011, um estudo feito com as suas equipes para identificar padrões de sucesso e também o que seria essencial para desenvolver times de alta performance.
Foi então que se identificou que o fator Segurança Psicológica fazia parte do cotidiano das equipes de alto desempenho.
Mas, o que é realmente Segurança Psicológica?
Provavelmente todos nós já passamos por situações em que nos sentimos inseguros para expor nossas ideias a respeito de algo, por exemplo em uma reunião de trabalho.
Medo do que as pessoas poderiam pensar, de sofrermos represálias ou de sermos excluídos…
Segundo a Dra. Amy Edmondson, professora na Havard University e pesquisadora sobre o tema, Segurança Psicológica é um clima de equipe caracterizado por confiança interpessoal e respeito mútuo, no qual as pessoas se sentem à vontade em serem elas mesmas.
“Segurança psicológica é uma crença compartilhada pelos membros de uma equipe de que o time é seguro para a tomada de riscos interpessoais”, de acordo com a definição da Dra. Amy.
Trazendo esse conceito para o ambiente de trabalho, isso significa estar em um espaço favorável e seguro para que qualquer pessoa na equipe se sinta confortável em expressar suas opiniões, propor novas ideias e conceitos e inclusive não sentir vergonha de perguntar sobre algo que seus pares ‘supostamente’ já saibam.
Em um ambiente em que há Segurança Psicológica, a equipe toda se dispõe a colaborar uns com os outros, está longe de ser aquela competitividade unilateral que só enxerga o próprio umbigo.
Uma característica importante desse ambiente seguro é que o profissional tem espaço também para errar, sem se sentir culpado, e de transformar essa situação em aprendizado.
Em um local onde as pessoas não estão à vontade e confiantes para serem elas mesmas, elas tendem a se calar, a não fazer perguntas e ficam totalmente desmotivadas.
Para promover um ambiente seguro psicologicamente, o líder deve estimular em suas equipes espaços de fala e acolhimento, para que todos os membros apresentem seus questionamentos, exponham suas ideias, gerando debates e conflitos saudáveis, que possam agregar novos resultados.
Patrícia França Proença, Psicóloga e especialista da Mental Clean, ressalta que ainda é preciso estarmos atentos à ideia equivocada que alguns profissionais possam ter de que colaboração significa “submissão” ao que a liderança propõe, sem fazer objeções ou apresentar novos formatos de atuação.
“Se os colaboradores se comportam dessa maneira, isso pode ser um indício de que algo não está legal em relação à segurança organizacional na empresa”, diz a especialista.
Um novo paradigma nas organizações
O mundo mudou, as empresas se transformaram!
Lá atrás quando o Google detectou o que impulsionava as empresas de alta performance, já se desenhava o novo paradigma das organizações de sucesso: elas não são regidas pelo medo.
Há um padrão mais humanizado nessas organizações que prioriza a diversidade e a inclusão, onde o nível de confiança com a liderança para falar sobre qualquer assunto e tomar decisões servem de exemplo para a base.
“Podemos enxergar pontos de vistas diferentes sobre uma mesma situação como expressão de algo que antes não estava sendo considerado e que podem trazer inovação e resultados surpreendentes”, afirma a Psicóloga Patrícia Proença.
Em um ambiente de trabalho com proteção psicológica, o líder pode e deve estimular seu time ao debate de ideias, a aprofundar reflexões que possam ir além de considerações rasas.
Em um contexto seguro, os membros da equipe colaboram e se tornam participativos, em uma espécie de confrontação saudável e produtiva, muitas vezes dizendo ao outro o que nem sempre ele gostaria de ouvir, mas também correndo o risco de escutar o que não gostaria.
“Não se trata de dizer quem está certo ou errado, e sim de poder divergir com segurança em ideias, sem julgamentos e ‘pré’ conceitos. Mas, sempre com resultados que agregam para todos os pares e também para o negócio. São equipes estruturadas e capacitadas para um alto desempenho”, pondera Patrícia.
Uma pesquisa do Gallup, de 2017, apontou que organizações com segurança psicológica poderiam obter uma redução de 25% na rotatividade, diminuir em 40% os incidentes que envolvem segurança do trabalho, e alcançar um aumento de 12% em produtividade.
“E quando as pessoas se sentem seguras psicologicamente em seus locais de trabalho, elas atuam mais felizes, mais engajadas e são mais criativas”, conclui a Psicóloga.
Elencamos alguns passos que podem ajudar na construção de uma cultura organizacional voltada para a Segurança Psicológica:
- O primeiro ponto a ser considerado é que é necessário o engajamento de todos os colaboradores da empresa. O RH, em parceria com as lideranças, deve fazer um convite às equipes para essa construção conjunta.
- Promover a escuta ativa em todas as oportunidades, seja em uma reunião de equipes, em uma situação em que estejam trabalhando em pares para concluir um projeto ou uma conversa de feedback.
- Invista no desenvolvimento de habilidades comportamentais – um fator muito importante quando estamos falando de relacionamentos interpessoais é o cuidado no gerenciamento das nossas emoções. O quanto eu estou preparado para lidar com confrontos e situações opositoras?
- Estabeleça grupos de trabalho com representantes de todos os setores, definindo reuniões periódicas para discutir sobre Segurança Psicológica, isso estimula o envolvimento. Esses representantes podem, inclusive, atuar como agentes educadores para todos os colaboradores.
- Crie ferramentas de pesquisa e escuta para medir o nível de percepção dos colaboradores sobre o tema, com um canal aberto de sugestões.
- Feedbacks transparentes e coerentes dão o tom do papel da liderança nesse processo de construção de uma cultura de segurança psicológica.
Essa empreitada por mais conversas francas, diálogos abertos, discussões sadias, inovações e diversidade pode parecer um pouco complicada no começo, mas é possível começar dando os primeiros passos.
Cabe à liderança ser protagonista nesse processo de construção de uma cultura organizacional que priorize um ambiente com Segurança Psicológica. Assuma esse compromisso com o seu time!