Hábitos – mudar para ressignificar
Se tem algo de bom que essa quarentena tem nos trazido são situações de reflexão sobre como podemos nos tornar pessoas melhores. Como ressignificar perdas, como lidar com as nossas fragilidades diante dos desafios que a vida nos coloca?
Oportunidade de evolução pessoal com uma postura antifrágil, esse cenário de crise é também um convite para revermos nossas crenças e paradigmas, pois, se um vírus microscópico foi capaz de parar o mundo, também somos capazes de reavaliar a nossa história e escolher que tipo de vida queremos levar.
“A pandemia nos tem feito enxergar o que é realmente essencial: o valor da vida que pode ser perdida em apenas um sopro. O momento nos faz refletir sobre o que estamos fazendo de nossos sonhos, de nossos projetos, como estamos conduzindo os nossos relacionamentos”, diz Agnes Fortunato de Torres, Psicóloga e Especialista da Mental Clean.
No livro “O Poder do Hábito – Por que fazemos o que fazemos na vida e nos negócios”, o jornalista e autor Charles Duhigg, diz que as decisões que tomamos a cada dia, mesmo que pareçam ter sido embasadas em reflexões mais profundas, no fundo são meras repetições.
“Embora cada hábito signifique relativamente pouco por si só, ao longo do tempo, as refeições que pedimos, o que dizemos a nossos filhos toda noite, se poupamos ou gastamos dinheiro, com que frequência fazemos exercícios, e o modo como organizamos nossos pensamentos e rotinas de trabalho têm impactos enormes na nossa saúde, produtividade, segurança financeira e felicidade”, afirma Duhigg em sua obra.
O autor revela ainda que, de acordo com um artigo publicado por um pesquisador da Duke University (EUA), em 2006, 40% das nossas atividades diárias são compostas por aquelas que fazemos automaticamente, usando uma expressão popular: quando estamos no “piloto automático”, ou seja, agimos sem nem pensar.
“Esse período de reengenharia pessoal é uma oportunidade de se fazer um detox em certas manias, de deixar de lado costumes nocivos que nos paralisam e que trazem desconfortos físicos e emocionais”, sugere Agnes.
Parar de fumar, diminuir o consumo de bebida alcoólica, roer unhas, procrastinar ações e decisões, comer menos açúcar. Se pensarmos que tudo começa com uma motivação, pode parecer simples, não?
A especialista da Mental Clean explica que é possível mudar um costume arraigado, mas, essa atitude requer também perseverança e reflexão sobre os motivos que nos levam a praticar tal comportamento.
“Os hábitos são comportamentos que adquirimos ao longo de nossa jornada, eles não apareceram de repente. Existem os saudáveis e os nocivos, por isso, é importante percebê-los, não deixar ‘no automático’, para entender os gatilhos que nos levam a praticá-los. Por exemplo, se eu roo unha ou como chocolate quando estou ansiosa e consigo perceber isso, vou tentar me esforçar para mudar o foco e fazer alguns minutos de relaxamento quando essa situação ocorrer”, explica a Psicóloga.
Da mesma forma, a psicóloga sugere investir em hábitos salutares como praticar mais exercícios, alimentação equilibrada, meditação, acordar e dormir mais cedo. “Essas práticas, para quem ainda não está acostumado, requer motivação e dedicação. Mas, certamente, o ganho em qualidade de vida é inestimável”, conclui Agnes Fortunato.
Como começar a mudar?
– Estabeleça uma meta: comece aos poucos, não queira mudar tudo de uma vez, foque em um hábito por vez.
– Que tal substituir um hábito nocivo por um saudável? Por exemplo: você pode se propor a parar de roer unhas e iniciar a prática de atividades físicas.
– Não se culpe quando houver recaídas: é comum isso acontecer durante o processo de mudança, e aceitar torna tudo mais leve.
– Cuidado com os gatilhos: se o seu objetivo é consumir menos álcool, evite ter em sua casa estoques de bebidas. Sucos naturais são ótimas alternativas.
– Pense positivo: tenha atitudes determinadas e veja o quanto você é corajoso por ter dado esse importante passo.
Você vai conseguir!