Burnout – quando o corpo e a mente pedem um pouco mais de calma!

Em uma palestra proferida na sede do Grupo Mulheres do Brasil, no início deste ano, a jornalista Izabella Camargo afirmou: “Burnout não é o fim, mas um freio, como todas as doenças”, referindo-se ao gatilho que faz parar e impor limites a um ritmo desenfreado ao qual nossa vida pode se transformar.

Na ocasião, a jornalista relatou sua experiência com a Síndrome de Burnout, que a fez adoecer e, em seu processo terapêutico de cura, proporcionou que ela repensasse seu estilo de vida em todos os âmbitos, adotando práticas e escolhas mais saudáveis.

Classificada como doença pela Organização Mundial de Saúde (OMS), a Síndrome de Burnout acomete cerca de 33% dos trabalhadores brasileiros, segundo dados do International Stress Management Association/Isma-BR.

Estima-se que, com a pandemia, esse quadro tem se agravado. Com cerca de 8 milhões de pessoas trabalhando de forma remota – de acordo com pesquisa divulgada em junho pelo IBGE –, acumulam-se várias funções em um único ambiente, inclusive as domésticas, em um cenário econômico de incertezas que as fazem trabalhar 24 horas sob uma tensão desgastante.

“Nessa condição, o trabalho se torna um fardo para o colaborador, pois até mesmo nos momentos de folga ele não consegue se desligar das preocupações. Esse cansaço extremo não atinge somente a esfera profissional, mas também gera impactos negativos no âmbito pessoal, comprometendo a qualidade de vida”, explica Janaína Monje, psicóloga e especialista da Mental Clean.

Um pensamento equivocado que ainda se estabelece em relações entre gestores e equipes – a de que uma dedicação desgastante e sem limites gera confiança e produtividade –, certamente vai resultar em falta de motivação, irritabilidade do funcionário e ausências no trabalho.

Ao sinal de esgotamento máximo, o nosso corpo emite os recados de alerta. “Os sintomas mais comuns da Síndrome de Burnout são cansaço constante, insônia, enxaqueca, perda de memória, falta de apetite, dores musculares e dificuldade de concentração”, informa Janaína.

É muito comum, porém, ao perceberam esses sintomas, as pessoas não darem importância, pois eles podem se manifestar de forma leve e alternadamente.

“É importante buscar ajuda terapêutica neste momento, pois só um especialista, psicólogo ou psiquiatra, poderá diagnosticar e indicar o tratamento adequado. Quanto mais tempo demorar, maiores serão as chances agravar o problema, podendo desencadear doenças como Depressão e Ansiedade”, ressalta a especialista da Mental Clean.

As empresas podem contribuir, ficando atentas aos sinais que seus colaboradores apresentam, principalmente neste momento de fortes impactos emocionais.

“Muitas vezes o colaborador tem receio de conversar com seus gestores sobre esse assunto, por medo de se sentirem incompetentes, e, consequentemente, serem demitidos, ou, até mesmo, por desconhecerem que pode se tratar da Síndrome de Burnout. Cabe ao líder entender a situação com empatia e propor alternativas assertivas”, diz Janaína Monje.

Mas, antes de atingir tal estágio, é possível prevenir esse estado de exaustão, adotando um estilo de vida saudável e praticando estratégias que diminuam o estresse e a pressão no trabalho.

Confira algumas dicas que podem ajudar a prevenir a Síndrome de Burnout, de acordo com o Ministério da Saúde:

  • Defina pequenos objetivos na vida profissional e pessoal.
  • Participe de atividades de lazer com amigos e familiares, respeitando as medidas de distanciamento social.
  • Evite o contato com pessoas ‘negativas’, especialmente aquelas que reclamam do trabalho ou dos outros.
  • Converse com alguém de confiança sobre o que se está sentindo.
  • Faça atividades físicas regulares. Pode ser caminhada, corrida, bicicleta, natação etc.
  • Evite consumo de bebidas alcoólicas, tabaco ou outras drogas, porque só vai piorar a confusão mental.
  • Não se automedique nem tome remédios sem prescrição médica.

É fundamental lembrar que a nossa Saúde Emocional é o resultado do equilíbrio entre os sentimentos e emoções que transitam em todas as áreas da nossa vida. “Quando algo está em excesso ou em falta, certamente desencadeará sintomas de tristeza, insatisfação, medo ou baixa autoestima. Por isso, precisamos dar a devida atenção ao trabalho, aos momentos de lazer e à vida em família, pois cada um tem a sua respectiva importância para o nosso bem-estar físico e mental”, conclui Janaína Monje.