Como o pessimismo e o negacionismo podem afetar o dia a dia das empresas

Pessimismo e negacionismo têm sido algumas das palavras mais recorrentes do no nosso vocabulário desde o início da pandemia da Covid-19.

Podemos supor que o pessimismo ocorre porque situações que envolvem riscos à saúde, à economia e ao emprego causam extrema preocupação e podem gerar medo, tanto no âmbito familiar, como no corporativo.

O negacionismo pode ocorrer como uma tentativa de evitar encarar o medo, pois negar um fato, um acontecimento ou a sua gravidade pode fazer com que acreditemos que ele não é tão importante ou impactante. Assim, ‘supostamente’, sofremos menos e tentamos levar a vida o mais próximo possível de como era antes dessa situação ocorrer.

Quando levamos esse comportamento ao ambiente corporativo, pode ser ainda mais danoso, pois pode trazer consequências a toda equipe e aos resultados da empresa.

Um exemplo é o negacionismo científico, como o que tem ocorrido contra as medidas de proteção recomendadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para controle da Covid-19, como uso de máscaras, as práticas de higiene pessoal e o distanciamento social.

Mas, além de seguir todas as regras sanitárias dentro da empresa, o sucesso no combate ao coronavírus também vai depender do autocuidado diário de cada um, em todos os lugares.

O grande problema em se negar situações assim é que em algum momento elas terão que ser encaradas. “O negacionismo costuma se instalar quando a sociedade enfrenta situações de crise, instabilidade ou algo nunca visto antes”, explica a Psicóloga e especialista da Mental Clean, Thaís Gaiasso.

Para exemplificar, a Psicóloga cita uma frase do médico de família Marcelo Demarzo: “frente a um momento de sofrimento, primeiro precisamos reconhecer que ele está ali e depois ver o que é possível fazer para amenizá-lo”.

Se colocarmos em prática essas orientações, entenderemos que não se trata de ser otimista ou de negar a realidade, e sim de ser resiliente. A resiliência está ligada à capacidade que o ser humano tem de lidar com problemas, de se adaptar às mudanças ou superar obstáculos, independentemente de um padrão mais otimista ou não.

“Pessoas otimistas podem chegar a ser negacionistas porque em alguns casos negam a realidade. Já as que possuem um perfil negativo podem desencadear questões psicológicas, pois passam a não enxergar soluções para os problemas”, explica a Psicóloga da Mental Clean.

A pessoa que desenvolve a resiliência aprende a lidar com os problemas de forma racional, sem se apegar a eles, focando em soluções.

A psicanálise explica a negação como um mecanismo de defesa, uma forma de proteger o ego do indivíduo para não se defrontar com fatos ameaçadores. “A negação representa o comportamento de pessoas que não querem lidar com situações que geram incertezas”, explica Thaís.

Na história, há vários exemplos de movimentos negacionistas contra fatos científicos, culturais, políticos e sociais. Nos Estados Unidos, em 1950, com o objetivo de minar os conceitos científicos de que o tabaco tinha relação com o câncer de pulmão.

Em 1980, o negacionismo foi utilizado para gerar dúvidas na sociedade sobre o buraco na camada de ozônio. Ainda no século XXI, essa ideia é usada, por exemplo, para contestar o desmatamento da Amazônia.

Enquanto a ciência comprova fatos, o negacionismo procura explicações infundadas para as mesmas ocorrências.

O negativismo no ambiente corporativo

O comportamento negativo de uma ou mais pessoas na equipe – ou de uma liderança – contribui significativamente para o aumento do estresse ou na criação de um ambiente de trabalho tóxico.

É possível identificar esse comportamento em pessoas que costuma olhar as coisas pelo lado ruim, apontar suas próprias falhas e as de outros colegas com frequência e raramente se atentam a algo positivo sobre a empresa e o trabalho.

Quem nunca teve um colega assim?

O escritor estadunidense Martin Seligman, professor das universidades da Pensilvânia e de Princeton, conhecido como o pai da psicologia positiva, alerta que “o pessimismo moderado, utilizado criteriosamente, tem serventia.

“Mas se tivermos o hábito de acreditar, como fazem os pessimistas, que o azar é culpa nossa, é duradouro e minará tudo o que fizermos, mais azar se abaterá sobre nós do que se acreditarmos o contrário”, escreveu em seu livro Felicidade Autêntica: use a psicologia positiva para alcançar todo seu potencial.

Quando Martim fala da serventia do pessimista moderado, ele se refere à sua importância ao antecipar situações adversas e alertar para contratempos, buscando soluções ou evitando determinadas ações. Essa habilidade pode ser muito útil e apreciada, especialmente em uma equipe profissional, com os mais diferentes perfis profissionais.

A Psicóloga da Mental Clean alerta que tudo em exagero é prejudicial, seja a negatividade ou a positividade. “Uma pessoa que vivencia sentimentos negativos a maior parte do tempo poderá desencadear sintomas de Estresse, Ansiedade e Depressão, pois dificilmente enxerga uma saída saudável ou real da situação pela qual está passando”.

Não é fácil mudar um perfil pessimista, mas é possível introduzir uma nova maneira de pensar!

Para isso, é preciso confrontar o pensamento negativo com alguns questionamentos:

  • O que eu ganho pensando desta forma?
  • Consigo enxergar essa mesma situação de um outro jeito?
  • Quais soluções são possíveis para este problema?
  • O que está ao meu alcance e posso fazer para melhorar?

“Muitas pessoas não sabem, mas o modo como pensamos determina como nos sentimos, e, consequentemente, como agimos. Por esse motivo é tão importante focar em soluções e não nos problemas”, pondera Thaís.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), “a adesão aos princípios dos ambientes de trabalho saudáveis evita afastamentos, minimiza os custos com saúde, despesas associadas com a alta rotatividade e aumenta a produtividade a longo prazo, bem como a qualidade dos produtos e serviços”.

A construção de um ambiente de trabalho mais saudável é um processo contínuo, a partir do engajamento de lideranças e equipes que se unam neste mesmo propósito.

Este é um desafio para as empresas e organizações que de fato colocam o bem-estar de pessoas em primeiro lugar. Para ajudar nesse processo, uma consultoria externa, com profissionais especializados em Saúde Mental do Trabalhador, faz toda a diferença.