Das Olimpíadas ao ambiente de trabalho, como lidar com o Burnout em seu time

O mundo foi surpreendido quando Simone Biles, a grande estrela da ginástica olímpica nos Jogos do Japão, desistiu da disputa. E mais ainda porque, ao contrário do que se esperava, o trauma sofrido pela atleta não era físico. “Tenho que me concentrar na minha saúde mental”, declarou a norte-americana, quebrando tabus seculares: tanto a decisão quanto a divulgação do motivo.

Biles teve apoio de sua equipe e dos fãs, e a repercussão em geral foi positiva, levando ao conhecimento e à reflexão sobre a Síndrome de Burnout.

Esta síndrome não é novidade no ambiente corporativo. Mas, nem sempre a situação resulta em compreensão e acolhimento, tanto por desconhecimento do problema quanto por características próprias de cada empresa, como a proximidade entre equipes, competitividade, cobranças, metas etc. Para isso, a Mental Clean criou o serviço de Mapeamento Emocional que indica as maiores dificuldades e necessidades dos funcionários, relacionados à Saúde Mental e Emocional e Estresse. Saiba mais clicando neste link.

Burnout: conhecer para prevenir

O Burnout é considerado um esgotamento relacionado ao trabalho, ou seja, o trabalhador esgota sua capacidade afetiva, cognitiva e intelectual de enfrentamento a um ou mais estressores.

No caso de Biles, somente ela pode dizer se sua experiência como ginasta chegou a um ponto de exaustão e de diminuição da realização pessoal – características da Síndrome de Burnout.

No mundo corporativo cabe às lideranças considerar aspectos da rotina e da dinâmica que sejam causadores de sofrimento e adoecimento mental. Em geral, entre os principais agentes estressores, isto é, que causam estresse no trabalho, estão os salários inadequados, falta de motivação, dificuldades com novas tecnologias, metas inatingíveis, plano de carreira, falta de conexão com a equipe, entre outros.

Quando não há sensibilidade para identificá-los, o esgotamento passa a ser visto como uma fragilidade pessoal, o que somente o agrava.

Mesmo profissões cujas funções envolvam fatores estressores, como os trabalhadores do setor de saúde, podem acarretar em danos à saúde mental do trabalhador – os profissionais da linha de frente do Covid-19, por exemplo, foram expostos a um número exacerbado de emergências e mortes. Apesar de todo o preparo técnico, a intensidade e duração da pandemia podem causar danos psíquicos, levando a adoecimentos por burnout, depressão e ansiedade.

Sinais do Burnout

As lideranças também devem ficar atentas aos sinais de que um colaborador esteja sofrendo com estressores. Os primeiros sintomas geralmente são mais generalistas e envolvem cansaço constante, desmotivação, indisposição para o trabalho, ansiedade, modificação no padrão de sono, alteração no apetite e na libido.

Nesta fase também pode haver sinais físicos, como dores de estômago esporádicas, musculares ou de cabeça. E se além desses sinais o trabalhador não tiver conflitos em outra esfera de sua vida (familiar e social), pode-se chegar a um diagnóstico de Burnout.

Além de apta a reconhecer estes sinais e fazer uma abordagem junto ao colaborador, a liderança precisa estar aberta a discutir estratégias de enfrentamento e mudanças relacionadas à organização do trabalho do setor, ou ainda o encaminhamento a serviços especializados.

Um ambiente com maior segurança psicológica propiciará que esta conversa seja produtiva e que o trabalhador não tenha medo de se expor. O Programa de Saúde Mental e Emocional da Mental Clean cria esse ambiente, implantando o conceito de Saúde Integral no ambiente de trabalho. Saiba mais neste link.

Segurança Psicológica na empresa

Segundo Miryam Vergueiro da Silva, Psicóloga e especialista da Mental Clean, quando os líderes estabelecem um ambiente de trabalho com segurança psicológica, o grupo pode se colocar e falar sobre suas fragilidades e necessidades sem medo de serem julgados ou sofrerem boicotes.

“Estou falando de um ambiente onde as pessoas sentem-se seguras para se pronunciarem, exporem seus problemas, trazerem ideias, pedirem ajuda, se engajarem em conversas difíceis, fazerem perguntas e ainda estão dispostas a se arriscar, inovar e aprender com os erros”, explica. Esta seria a forma criativa e produtiva de promover crescimento pessoal e o fortalecimento da instituição.

No centro da questão estão as cobranças excessivas, lembra Miryam, que causam efeitos prejudiciais para a saúde. “É claro que estamos falando em metas abusivas, sem considerar o cenário macrossocial”, comenta.

Em situações específicas, como atualmente, durante a pandemia da COVID-19, as empresas que prezam pela Saúde Mental de seus colaboradores puderam renegociar prazos, metas e entregas.

“Sabemos que trabalhadores mais saudáveis produzem melhor, sentem-se mais satisfeitos e realizados. Os dois lados, empresa e colaborador, saem ganhando quando há uma organização do trabalho promotora de bem-estar e o estabelecimento de acordos”.

O exemplo de Simone Biles

A Psicóloga da Mental Clean ressalta que, com a pandemia, estamos vivendo tempos atípicos em vários sentidos e que a atitude da ginasta Simone Biles, tão inesperada para alguém que vive em meio aos holofotes, leva a uma reflexão sobre valores e propósitos, que serve tanto para a vida pessoal quanto para a cultura organizacional.

Quando Simone Biles defende valores mais humanistas, certamente impacta aqueles que priorizam apenas os princípios tradicionais como fama, reconhecimento social, status quo, ganho financeiro, ser a melhor em uma categoria.

“A maturidade desta decisão concentra-se em inverter algo que é imposto de fora, pela mídia, pela sociedade, por nossos pais e treinadores, para a posição subjetiva de se colocar em primeiro plano: o que é melhor para mim? Vale a pena o preço a pagar para atingir este pódio?”, aponta Miryam.

Quanto maior a oportunidade de reconhecer limites, reordenar o propósito de vida, fazer as próprias escolhas, maior a chance de realização pessoal e profissional.

Para as empresas que visam somente os valores mais difundidos do lucro, da permanência no mercado a qualquer custo, da liderança de mercado nas vendas, esta atitude da atleta ainda parece incompreensível.

“Eu penso que a empresa da atualidade deve se deparar com um novo paradigma: como obter tudo o que foi dito levando em conta o capital humano? Como será possível ser sustentável, ter responsabilidade social e permanecer competitiva no mercado?”, questiona a Psicóloga.

Nesse contexto, a lição de Biles para as organizações é de que se há um custo excessivo, em termos de Saúde Emocional, para se atingir um objetivo, certamente não se está focando no objetivo certo.

Em que lugar deste pódio está posicionada a sua empresa?