Inteligência Emocional – o que as emoções dizem sobre nós

Assim como o corpo fala, as nossas emoções também contam muito sobre nós. A boa notícia é que podemos desenvolver nossa Inteligência Emocional para que não haja ruídos nessa comunicação

A pandemia afetou a vida de milhares de pessoas que, de uma hora para outra, tiveram que se adaptar a transformações bruscas e aprender a conviver com o isolamento social, com as dificuldades financeiras, com os conflitos familiares, e ainda a trabalhar em casa e a cuidar dos filhos ao mesmo tempo.

Segundo a psicóloga e especialista da Mental Clean, Luanna Xavier, todos esses fatores podem desencadear uma série de emoções, como medo, ansiedade, desesperança, frustração, raiva e desespero. “E o que se tem visto é o aumento dos índices de Depressão, Transtornos de Ansiedade e suicídio”, informa a psicóloga.

Dados recentes da Organização Mundial de Saúde (OMS), revelam que, somente no Brasil, há mais de 12 milhões de pessoas com Depressão, sendo 264 milhões em todo o mundo. Artigo publicado pela revista científica The New England Journal of Medicine, desenvolvido por especialistas do setor, aponta que o número de pacientes com a doença aumentará globalmente em razão da Covid-19.

Nesse contexto, a Inteligência Emocional torna-se uma forte aliada para atravessar esse período conturbado. Trata-se de um conceito apresentado pelos psicólogos americanos Peter Salovey e Jhon Mayer, e que ficou mundialmente conhecido com a obra Inteligência Emocional, de Daniel Goleman, publicada em 1986, e que nada mais é do que a capacidade que uma pessoa tem de lidar e expressar seus sentimentos e emoções.

“As emoções podem afetar negativamente as nossas vidas quando agimos de maneira impulsiva, sem avaliar a conjuntura e as consequências. Mas, também podem influenciar positivamente quando as expressamos de maneira adequada”, explica Luanna Xavier.

Uma forma de exemplificar como esses sentimentos impactam em nossas vidas, de acordo com a psicóloga da Mental Clean, é quando discordamos da opinião de alguém. “Nessa situação, podemos ficar ofendidos e com raiva. Em seguida, passamos a uma discussão ou a ouvir a opinião do outro e avaliar se existe algo que possa ser aproveitado”, sugere a profissional.

Inteligência Emocional no trabalho

Não é de hoje que essa habilidade tem sido valorizada no ambiente de trabalho. Vários executivos afirmam que, no atual cenário, as empresas contratam pelas competências e demitem pelo comportamento.

“O que se tem visto no dia a dia das organizações é que, apesar da qualificação técnica ser muito importante, não é suficiente para que o profissional consiga gerir situações de conflito e estresse presentes no mundo corporativo”, explica Luanna.

Segundo a psicóloga, profissionais com uma ótima qualificação têm dificuldade em lidar com a pressão, mudanças constantes de panoramas e relações interpessoais. “Dessa forma, a performance é prejudicada pela falta de aptidão para administrar as emoções em momentos de crise, como a que vivemos agora, por exemplo”, ressalta.

Como anda a nossa Inteligência Emocional?

É possível compreendermos o que sentimos e encontrar alternativas para administrar as emoções conforme as situações se apresentam em nossas vidas. Mas, para isso, precisamos fortalecer a nossa Inteligência Emocional, que passa por cinco habilidades fundamentais: autoconhecimento, automotivação, controle emocional e empatia – reconhecimento das emoções nos outros.

Para ajudar, Luanna Xavier enumera quatro importantes questões para nos autoavaliarmos:

  1. Eu conheço meus pontos fortes e fracos?
  2. Sei dizer não e colocar limites para as pessoas à minha volta?
  3. Consigo enxergar as necessidades das pessoas ao meu redor?
  4. Consigo me manter motivado, mesmo quando as situações são adversas?

Desenvolvendo habilidades

A partir do momento em que nos conscientizamos sobre a importância da Inteligência Emocional para o equilíbrio da nossa Saúde Emocional, a próxima etapa é a ação e a transformação. Nesse instante da trajetória, alguns passos apontados pela psicóloga Luanna Xavier são fundamentais. Confira:

  • Identificar emoções – aos sinais de tensão e estresse, reconhecer quais emoções vem à tona, sem julgar se é certo ou errado. Simplesmente reconhecer que há situações que te deixam com raiva, ansioso, desanimado, etc.
  • Lidar com as emoções – ao saber o que está sentindo, avaliar como e quando essa emoção pode ser expressa. Por exemplo: estar ansioso por conta do prazo de entrega de um projeto. A ansiedade pode dificultar sua concentração na execução das tarefas ou reconhecer que precisa de ajuda da equipe para conseguir cumprir o que foi solicitado.
  • Empatia – reconhecer que as pessoas à sua volta também têm emoções e aprender a se colocar no lugar delas, faz com que as relações interpessoais sejam mais satisfatórias e ajudam na resolução de conflitos.
  • Automotivação – a pessoa que possui um alto quociente de Inteligência Emocional não se deixa inundar por sentimentos negativos diante de situações adversas. Dessa forma, consegue se manter motivado para realizar suas atividades mesmo em um quadro de dificuldades externas.

De olho nas emoções

Gerir as experiências em um enredo conturbado faz toda a diferença. “Lembrando que não é negar as emoções, mas reconhecê-las em si e nos outros, expressar o que se sente, se adequar às circunstâncias e assim não se deixar inundar pelos sentimentos, portanto, é possível manter-se motivado e atravessar a crise”, conclui Luanna.