Novembro Azul – Saúde Integral do Homem

Você sabia que, em média, os homens brasileiros vivem sete anos menos que as mulheres? Os dados mais recentes do IBGE apontam que a longevidade média masculina é de 73,1 anos e a feminina é de 80,1 anos. Há muitos fatores para esta diferença, mas entre os principais está a negligência do homem brasileiro com a própria saúde.

É uma questão cultural. Desde cedo, a educação tradicional faz os meninos acreditarem que homem não chora, não reclama, não expõe suas fragilidades. Na infância, deve-se engolir o choro da dor do joelho ralado ou da briga com o colega de escola. Na vida adulta, o hábito de disfarçar as dores e os sentimentos torna-se prejudicial à saúde, em vários sentidos.

Reprimir emoções como medo, raiva, frustração ou tristeza pode causar Depressão, Ansiedade, Síndrome do Pânico, Síndrome de Burnout, Insônia e muitos outros transtornos que, por sua vez, geram dores – musculares, gastrites, enxaquecas etc. Na vida adulta e principalmente no ambiente organizacional, a Saúde Mental continua sendo um tabu: 70% das pessoas que sofrem de algum transtorno não procuram ajuda – a maioria, homens.

Mulheres morrem menos porque se cuidam mais, mas também porque se conhecem mais: elas têm o ciclo menstrual ao qual estão sempre atentas, e passam por muito mais alterações hormonais durante a vida, sem contar gravidez, lactação etc. Assim, sabem reconhecer os sinais do próprio corpo.

Já os homens têm uma relação menos íntima e mais distraída com seu estado físico e emocional. É comum não reconhecerem os próprios sentimentos, ignorando também os sintomas de adoecimento que o organismo envia.

Mas essa característica não é restrita ao Brasil. Mesmo em países com culturas menos machistas, homens são mais descuidados em relação à saúde física e emocional. Por esse motivo, em 2003, um grupo de 30 amigos australianos se juntou para fazer uma campanha de conscientização da saúde masculina, tendo um bigode como símbolo.

Eles deixaram o bigode crescer durante todo o mês de novembro, e colocaram como principal alvo da ação o combate ao câncer de próstata. No ano seguinte, surgiu a Movember Foundation – o nome veio da junção das palavras moustache (bigode) e november (novembro) –, uma organização sem fins lucrativos pela causa.

O foco no câncer de próstata deve-se a um outro desdobramento da questão cultural que leva ao adoecimento e às mortes precoces em todo o mundo: o preconceito. Isso porque a principal forma de prevenção a este câncer, que causa 42 vítimas por dia no Brasil, é um exame simples e indolor, mas com alta rejeição: o exame de toque retal. No entanto trata-se de um exame fundamental para a identificação de tumores.

As empresas e o Novembro Azul

O câncer de próstata afeta homens a partir dos 45 anos, uma idade em que ainda estão em alta produtividade em atividades operacionais ou exercendo cargos de confiança e estratégicos.

Por isso cabe às empresas aderir às campanhas como o Novembro Azul, que remetem à necessidade de um cuidado constante com a saúde integral masculina.

Os criadores do Movember realizam reuniões entre os colaboradores de empresas, entidades e associações, onde são debatidos, além do câncer de próstata, outras doenças como o câncer de testículo, depressão masculina e o cultivo da saúde integral masculina.

Esse tipo de encontro é um dos exemplos de espaços seguros de diálogos sobre o tema que as lideranças das organizações podem implantar no ambiente de trabalho. Porém, há ainda outras ações importantes que podem ser complementares.

Como a informação é a principal aliada desta campanha, é fundamental focar nas ações de comunicação: artigos em comunicados internos, distribuição de cartilhas, envio de materiais por e-mail e via redes internas etc. Algumas ações de endomarketing também são bem recebidas, como a distribuição de brindes com o bigode símbolo da campanha ou a cor azul.

Para derrubar o preconceito contra o exame que previne o câncer de próstata, as lideranças podem realizar rodas de conversas, palestras e atividades ao ar livre – como caminhadas e treinos funcionais – com profissionais de saúde que repassem informações claras, dados científicos e esclareçam dúvidas.

Estas ações serão um grande incentivo das empresas para que seus trabalhadores tomem atitudes por mais bem-estar e comecem a praticar hábitos mais saudáveis por meio do autocuidado.

São atitudes simples, mas que também demonstram coragem. O resultado certamente valerá a pena: longevidade com qualidade de vida!