A importância de perguntar: “Como você está?”

Setembro Amarelo é um mês que nos convida à reflexão e à ação em prol da prevenção do suicídio e do cuidado com a saúde mental. Nesse contexto, um gesto simples pode fazer uma enorme diferença: perguntar genuinamente a alguém “Como você está?”.
Em um mundo cada vez mais acelerado, muitas pessoas escondem seus sofrimentos atrás de sorrisos, rotinas atribuladas e respostas automáticas como “Está tudo bem”. Porém, a realidade é que nem sempre está.
Um estudo epidemiológico, publicado em 2023 pelo Ministério da Saúde, aponta que a prevalência de depressão ao longo da vida no Brasil é de aproximadamente 15,5%, número esse que aumenta a cada ano, principalmente após a pandemia da covid-19, e nos alerta ao fato de que nosso país já liderava a América Latina em prevalência de depressão em 2022, com uma das maiores taxas nas Américas, segundo relatório da OPAS/OMS desse ano.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 90% dos casos de suicídio poderiam ser evitados com acolhimento, escuta e acompanhamento profissional, dado que nos mostra a urgência de quebrarmos o silêncio e falarmos sobre saúde mental sem medo ou preconceito.
Muitas vezes, o primeiro passo para salvar uma vida pode começar com uma conversa e perguntar “Como você está?” não como uma mera formalidade, mas sim uma forma de abrir espaço para o outro se sentir visto e ouvido. Usar o termo “Como você está?” abre a possibilidade para que a pessoa possa falar que está bem ou não, para que ela possa expressar realmente como se sente.
Um ambiente em que há abertura para o diálogo, sem julgamentos ou tabus, é essencial para que as pessoas se sintam confortáveis em compartilhar suas dores.
Em 2014, o Departamento de Medicina Psicológica (Psychological Medicine) da Universidade de Cambridge publicou um estudo acadêmico intitulado “Does asking about suicide and related behaviours induce suicidal ideation?” (Perguntar sobre suicídio e comportamentos relacionados induz uma ideação suicida?) em que foi analisado se perguntar sobre ideação suicida aumenta ou reduz esse risco.
A conclusão é que não há evidência de que perguntar faça mal; na verdade, em pessoas que buscam ajuda, pode melhorar a saúde mental. Ou seja, abrir o tema e perguntar de forma acolhedora não piora, mas pode ajudar.
Nem sempre quem enfrenta problemas emocionais, como depressão ou ansiedade, terá coragem de pedir ajuda. Por isso, demonstrar interesse genuíno pelo bem-estar de alguém pode ser o ponto de partida para que essa pessoa se sinta segura em falar sobre o que está vivendo.
No trabalho, na família ou entre amigos, a construção de uma rede de apoio é fundamental. Pequenas atitudes de cuidado, como oferecer escuta ativa, demonstrar empatia e reforçar que buscar ajuda profissional não é sinal de fraqueza, podem transformar realidades.
Quando perguntamos “Como você está?” com interesse verdadeiro, mostramos à pessoa que ela não está sozinha. Esse gesto, embora simples, pode ser a porta de entrada para uma conversa que traga alívio, conexão e até mesmo a decisão de buscar apoio profissional.
A Mental Clean, como uma instituição preocupada em cuidar da saúde mental de trabalhadores em diversas empresas no Brasil e América Latina, atua em prol de promover essa ideia de acolhimento.
Além de disponibilizar ajuda profissional especializada por meio de seus canais de apoio, há um esforço nas áreas de comunicação e treinamento de lideranças em prol de conscientizar sobre a importância do diálogo e apoio pessoal para com o próximo.
Lembremos, cuidar da saúde mental é um compromisso coletivo. Por isso, ao longo deste mês — e em todos os outros — não hesite em perguntar a quem está ao seu lado: “Como você está?”. Essa simples frase pode ser o ponto inicial de uma transformação profunda em benefício da vida daquela pessoa.




