Agosto Lilás: A importância de uma rede de apoio no ambiente de trabalho em oposição à violência doméstica
Em agosto de 2025 celebramos 19 anos da Lei Maria da Penha, sancionada em 7 de agosto de 2006 e considerada uma das 3 leis mais importantes do mundo, no enfrentamento à violência contra a mulher pela ONU.
A campanha Agosto Lilás nos lembra de legitimar essa importante data e nos conscientiza que esse empenho ainda exige muita atenção, e infelizmente, está longe de acabar.
Segundo uma pesquisa realizada esse ano pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) e o Datafolha, mais de 21 milhões de mulheres foram vítimas de algum tipo de violência em 2024, sendo 57% em casa e 2% no ambiente de trabalho.
A violência contra as mulheres se dá das mais diferentes formas: violência psicológica, verbal, física, sexual e virtual. A violência silenciosa é a mais comum (e muito grave), principalmente por ocorrer em qualquer ambiente, como no trabalho.
O medo e a falta de uma rede de apoio são os principais motivos que levam uma mulher violentada a não denunciar e acabar faltando ao trabalho.
Os dados mais recentes sobre o feminicídio nos deixam ainda mais alertas. O Atlas da Violência de 2025, publicado pelo IPEA e com dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, nos revela que quase 50 mil mulheres foram assassinadas nos últimos 11 anos, o equivalente a 13 mortes por dia.
Todas essas informações demonstram como a realidade atual ainda é muito desafiadora para as mulheres em diversos ambientes, inclusive no trabalho, e nos convida a refletir: de que forma é possível ajudar a mudar essa realidade? Qual é o dever das empresas nesse cenário?
O Núcleo de Enfrentamento à Violência contra a Mulher (NEV), da Mental Clean, reforça a importância de cada empresa oferecer suporte contínuo para suas funcionárias e construir uma rede de apoio e proteção para as mulheres no local de trabalho por meio dos seguintes serviços:
- Acompanhamentos psicossociais e jurídicos com a orientação de especialistas;
- Acesso a serviços de suporte e tratamentos específicos, além de recursos na localidade do cliente para resolução com ações protetivas, se necessário;
- Canal de atendimento 0800 (24/7) com suporte de psicólogas especializadas;
- Ações de Psicoeducação sobre os tipos de violência em palestras, treinamentos, rodas de conversa no formato presencial e on-line e ações de comunicação diferenciadas.
O Ministério Público do Trabalho e a ONU Mulheres destacam que o apoio no trabalho é crucial para que a mulher tenha meios de romper com o ciclo de violência, inclusive por preservar sua autonomia financeira, o que é um fator-chave na decisão de sair do relacionamento abusivo.
A construção de uma cultura de apoio às mulheres no ambiente de trabalho é essencial para identificar sinais de abuso e violência silenciosa. O contexto profissional deve ser acolhedor e atuar de forma ativa para romper a sensação de solidão vivida por muitas vítimas, oferecendo suporte psicológico adequado e mostrando que elas não estão sozinhas.
Campanhas internas, treinamentos sobre violência doméstica, canais de denúncia sigilosos e comitês de diversidade não apenas protegem, mas também educam e conscientizam sobre a importância desse tema. Tais ações contribuem para quebrar barreiras, reduzir o medo e fortalecer a autonomia das mulheres.
Além disso, é fundamental que as empresas desenvolvam políticas claras de acolhimento e proteção, invistam na capacitação contínua de gestores e profissionais de RH, estabeleçam canais de escuta especializados e assegurem o comprometimento da liderança com essa causa. Parcerias com redes externas e serviços especializados também ampliam o alcance e a efetividade desse suporte.
Enfrentar a violência contra a mulher requer a construção de uma rede de apoio sólida, segura e eficiente, capaz de identificar, acolher e encaminhar colaboradoras em situação de vulnerabilidade.
Nenhuma mulher deve conviver com medo. Todas as mulheres precisam ter a certeza de que contarão com todo o suporte necessário para reconstruírem suas vidas com proteção, autonomia e dignidade.