Como as empresas podem valorizar a profissional que é mãe
Não é de hoje que conciliar trabalho, casa e filhos é um dilema para as mulheres. Ser mãe tem dois lados que, em princípio, parecem conflitantes, mas que podem ser administrados com equilíbrio: crescer profissionalmente e dar atenção aos filhos.
Trabalhar e ser independente é uma conquista e uma necessidade da mulher, frente à sua necessidade de obter independência, realização e também contribuir ou ser a responsável pelo orçamento familiar.
Mas, as mulheres não precisam abdicar de ter filhos por causa do trabalho. Ser mãe também é uma realização para a maioria delas, embora tenha crescido o número das que preferem não os ter.
Segundo as estatísticas do último censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em 2010, 14% das mulheres brasileiras não têm planos de engravidar. Além disso, o estudo mostra que as mulheres com mais instrução estão sendo mães mais tarde, e a média de filhos por mulher diminuiu drasticamente, de 6,1 para 1,9 nos últimos 50 anos.
Uma das razões da opção por não ter filhos é a carreira profissional. É comum as mães que citam o sentimento de culpa por ter que deixar os filhos mais cedo na escola, com babás ou parentes para voltar da licença maternidade, fazer viagens ou, eventualmente, perder uma apresentação de Dia das Mães, por exemplo.
Uma dessas situações já ocorreu na vida de muitas mães que trabalham fora, por isso é tão necessário um equilíbrio entre vida pessoal e profissional e a colaboração dos demais membros da família e das empresas.
Também é necessário desapegar de alguns padrões e conceitos ultrapassados, como, por exemplo, ter uma casa impecavelmente arrumada todos os dias, ou exigir de si mesma ‘ser uma mãe perfeita’.
O papel das empresas no universo materno
As empresas têm um papel fundamental na promoção da qualidade de vida das suas colaboradoras, que já correm maior risco para o adoecimento mental, por questões hormonais, falta de oportunidades iguais e triplas jornadas.
Com a pandemia e a implementação do trabalho híbrido ou home office em período integral, essa probabilidade aumentou, especialmente se a mãe não tiver apoio para o cuidado com as crianças e as rotinas da casa.
Nesse novo contexto, o lar transformou-se em uma extensão do escritório e as profissionais precisam conciliar a atenção aos filhos com reuniões, prazos e entregas, passando por mais momentos de estresse, muitas vezes trabalhando à noite para dar conta de tudo e ainda se sentindo culpadas.
Por isso, empresas que promovem a equidade de gênero e possuem políticas internas claras atraem e mantêm profissionais com excelentes qualificações, como também são valorizadas pelos seus clientes, acionistas e formadores de opinião quando adotam uma gestão humanizada que garanta melhores condições de trabalho às profissionais mães.
Isso faz parte da geração de valor de uma empresa. E é tão importante que está entre os requisitos de pesquisas nacionais e internacionais para elencar as melhores companhias para se trabalhar, como a Great Place to Work (GPTW), que avalia o índice de confiança dos funcionários com o ambiente de trabalho.
“Quem cuida, só tem a ganhar”, destaca Marinalva Requião, Psicóloga e especialista da Mental Clean, consultoria especializada em Saúde Mental do Trabalhador, que acaba de obter pela segunda vez e certificação GPTW.
Segundo a especialista da Mental Clean, é importante que a liderança estabeleça relações de confiança com as profissionais mães, para escutá-las e criar estratégias que atendam às suas necessidades.
Além dos benefícios para as colaboradoras, as corporações também colhem frutos: menos pessoas insatisfeitas, menos afastamentos por adoecimento mental, maior dedicação e, consequentemente, produtividade, criatividade e soluções.
Elencamos algumas estratégias que podem ser adotadas pelas empresas para tornar seus ambientes mais acolhedores para as profissionais que são mães:
- Demonstre empatia sobre a mudança na rotina das profissionais, principalmente durante a pandemia, que afeta principalmente as mães.
- Proporcione um clima acolhedor para as mulheres que acabaram de ser mães e estão voltando da licença-maternidade. Elas podem estar inseguras sobre como serão recebidas por seus pares e gestores.
- Disponibilize um serviço de escuta afetiva, no qual essa profissional possa falar sobre seus sentimentos, de preferência realizado por um especialista de fora da empresa, para não gerar insegurança ou receio de se expor.
- Realize rodas de conversas sobre cuidados físicos e emocionais, que demonstrem que a empresa valoriza a sua funcionária e a preza por ser mãe.
- Procure entender as necessidades dessa colaboradora: mudar o horário de reuniões que ocorrem muito próximas ao horário de almoço, por exemplo, é uma atitude simples, mas que pode fazer muita diferença para uma profissional com filho.
Os sufocos da pandemia
Uma mão na colher que mexe o feijão e a outra no bloco de anotações durante a reunião de trabalho. Não, isso não é um meme. É a realidade de muitas profissionais durante a pandemia.
Mas, essa imagem da mãe multitarefas não é vantajosa e pode gerar muito mais estresse, prejudicando o rendimento no trabalho e as relações familiares.
Para lidar com o acúmulo de funções, a profissional precisa se planejar, desapegar-se de querer abraçar o papel de super mãe ou super profissional.
Ninguém precisa dar conta de tudo, muito menos a todo momento. “Normalmente, a autocobrança e a culpa acompanham as mães e permitir ter um tempo para si é importante”, alerta Marinalva.
Por esse motivo, é necessário pedir ajuda, enfatiza a Psicóloga, “e não achar que somente ela sabe cuidar do filho ou executar as atividades domésticas”, diz.
Listamos algumas dicas que podem auxiliar essas profissionais na construção de uma rotina com mais equilíbrio e bem-estar:
- Procure identificar fatores que causam estresse e trace estratégias de resolução;
- Planeje o seu dia e peça ajuda para cuidar das crianças e das rotinas da casa;
- Reserve horários para os momentos em família, diminuindo as interrupções durante a execução dos trabalhos;
- Procure adaptar os horários das reuniões às suas necessidades, sem receio de informar ao seu chefe;
- Preserve os finais de semana como um momento para a família;
- Reserve momentos para si mesma, em que você possa dedicar-se ao seu autocuidado.
Frente a tantos desafios e transformações, este Dia das Mães é um convite para ressignificar conceitos e valorizar essas incríveis mães, mulheres e profissionais em seus múltiplos papéis.
As empresas e organizações são as convidadas de honra para esta reflexão!