Setembro Amarelo: Como abordar a saúde mental sem tabu
Falar sobre saúde mental ainda é, para muitos, um grande desafio. O medo do julgamento, o receio de ser malvisto e estigmatizado como “fraco” ou “incapaz”, com um grande peso em torno do sofrimento psíquico, faz com que milhares de pessoas silenciem suas dores. Mas é justamente o silêncio que pode custar vidas.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 90% dos casos de suicídio poderiam ser evitados com acompanhamento profissional adequado e um ambiente de acolhimento (2021). Ainda assim, todos os anos, quase 1 milhão de pessoas morrem por suicídio no mundo, e, antes de cada morte, ocorrem em média 20 tentativas (OMS, 2021).
No Brasil, a situação é alarmante: Um levantamento conhecido como “Mapa da Segurança Pública 2024” registrou 16.406 suicídios no Brasil no ano, o que equivale a cerca de duas pessoas por hora. O Ministério da Saúde aponta ainda que houve um aumento de quase 60% nas mortes por suicídio neste século (2023). Esses números evidenciam que o suicídio é uma questão de saúde pública urgente e que exige diálogo aberto, empatia e políticas de prevenção consistentes.
A ligação entre suicídio e transtornos mentais (em particular, depressão e transtornos por uso de álcool) e uma tentativa anterior de suicídio está bem estabelecida em países de alta renda. No entanto, muitos suicídios ocorrem impulsivamente em momentos de crise, com comprometimento da capacidade de lidar com o estresse da vida, como problemas financeiros, conflitos de relacionamento ou dor e doença crônicas.
Além disso, vivenciar conflitos, desastres, violência, abuso ou perda, e sentir-se isolado, estão fortemente associados ao comportamento suicida. As taxas de suicídio também são altas entre grupos vulneráveis que sofrem discriminação, como refugiados e migrantes; etnias minoritárias; e pessoas lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros e intersexuais (LGBTI).
Os esforços de prevenção ao suicídio exigem coordenação e colaboração entre diversos setores da sociedade, incluindo o setor da saúde e outros setores como educação, trabalho, agricultura, negócios, justiça, direito, defesa, política e mídia.
A saúde mental está profundamente relacionada ao contexto social e ao ambiente de trabalho, e empresas que ignoram o tema, além de deixarem de apoiar seus colaboradores, comprometem sua produtividade, engajamento e bem-estar coletivo.
Como quebrar o tabu e abrir espaço para o diálogo?
Falar sobre saúde mental sem tabu significa criar ambientes de confiança e segurança psicológica. Algumas práticas podem ajudar:
- Promover rodas de conversa e campanhas educativas durante o Setembro Amarelo, reforçando que pedir ajuda é um ato de coragem, não de fraqueza.
- Capacitar líderes e gestores para identificar sinais de sofrimento emocional em suas equipes e acolher com empatia.
- Oferecer acesso a apoio profissional, como programas de assistência psicológica, terapia on-line ou convênios de saúde ampliados.
- Valorizar pausas, equilíbrio e autocuidado como parte da cultura organizacional, e não como privilégios isolados.
O Setembro Amarelo nos lembra que falar pode salvar vidas. Cada conversa aberta, cada gesto de apoio e cada espaço de acolhimento contribui para quebrar o ciclo do silêncio.
Se você é gestor, líder ou colega de equipe, lembre-se: você pode ser a ponte entre alguém em sofrimento e a ajuda necessária. Nesses momentos, seja como um verdadeiro amigo!
Não tenha receio de expor seus sentimentos, e não esconda o seu sofrimento dentro de si. Pedir ajuda é um passo essencial para recomeçar.
Se você ou alguém que você conhece está em sofrimento, ligue para o 188 (CVV – Centro de Valorização da Vida). O atendimento é gratuito, sigiloso e funciona 24 horas por dia, em todo o Brasil.
Pedir ajuda é um ato de coragem e amor-próprio, e existem várias formas de buscar ajuda! Procure saber se a sua empresa tem algum programa de apoio psicossocial para ajudar quem precisa, a Mental Clean pode te ajudar!