Ansiedade: a vilã do momento?
Ter medo e ansiedade diante de situações novas e desconhecidas, como a que estamos vivenciando, dentro de certos limites, é adequado e até mesmo saudável, mas em excesso pode nos trazer algumas complicações, desestabilizando nosso sistema físico e mental.
A ansiedade é um sentimento de apreensão desagradável, vago, acompanhado de sensações físicas como um vazio ou um frio no estômago, opressão no peito, palpitações, transpiração, dor de cabeça, ou falta de ar, dentre outros sintomas que podem ser desencadeados.
É uma resposta natural e necessária para a autopreservação. Não é um estado habitual, mas é uma reação normal, assim como a febre, que é um alerta de infecção no corpo.
Porém, uma ansiedade patológica é caracterizada pela excessiva intensidade e prolongada duração, proporcionalmente à situação precipitante. Ou seja, ao invés de contribuir com o enfrentamento do objeto de origem da ansiedade, ela atrapalha, dificulta ou impossibilita a adaptação.
Uma das maneiras de diferenciar a ansiedade patológica da ansiedade normal é observando o tempo de duração dos sintomas.
Segundo o Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM), uma pessoa que permanece apreensiva, tensa e nervosa por um período superior a 6 meses, ainda que tenha um motivo justificável, começa a ter critérios para diagnóstico Transtorno de Ansiedade.
Saiba quais são os critérios que podem diagnosticar a ansiedade, segundo o DSM:
Sintomas Psicológicos:
- Dificuldade para relaxar, a pessoa se cansa com facilidade;
- Dificuldade de concentração e frequentes esquecimentos;
- Irritabilidade, instabilidade do humor;
- Insônia, sono insatisfatório, agitado ou tenso;
- Assustar-se com facilidade e de forma mais intensa;
- Sintomas depressivos.
Sintomas Físicos:
- Respiração alterada, acelerada;
- Frequência cardíaca alterada;
- Ganho ou perda de peso – transtornos alimentares;
- Tensão muscular, dores;
- Boca seca;
- Mãos ou pés úmidos;
- Sudorese excessiva;
- Náuseas e outros problemas com o aparelho digestivo;
- Dificuldade de engolir ou sensação de um bolo na garganta.
É importante termos a consciência de que ficar um pouco mais ansioso neste momento de pandemia é absolutamente normal. Afinal, estamos 24 horas expostos às notícias de uma crise mundial à qual não sabemos quando vai passar e em fase de adaptação a todas as mudanças e desafios que essa situação nos impôs.
De repente, nossa casa virou nosso espaço de trabalho, ao mesmo tempo em que temos que dar atenção aos filhos e cuidar de todas as tarefas domésticas.
A psicóloga e CEO da Mental Clean, Fátima Macedo, afirmou recentemente em uma Live nas redes sociais, que acompanhar o aumento do número de casos da Covid-19, como está a situação no mundo e o cenário político pode gerar medo, insegurança e, consequentemente, aumentar a ansiedade e a tristeza. “Ficamos desorganizados internamente. E como sintoma decorrente, as pessoas passam a comer mais devido à ansiedade”.
Ao entrarmos em contato com nossas emoções, é fundamental acionarmos a nossa “caixinha de primeiros socorros emocionais”, que contém aquilo que nos faz bem. A psicóloga Fátima nos explica que é possível abastecermos nossa caixinha imaginária resgatando atividades que nos tragam bem-estar, olhando a vida com mais gratidão, valorizando o que temos de bom.
O convívio social, as conversas e as negociações dentro de casa também são fundamentais nesta situação de distanciamento e adaptabilidade. Saber pedir ajuda, por meio de uma psicoterapia, é também uma atitude de autoamor. Reconhecer que somos humanos e que, muitas vezes, sozinhos não conseguimos organizar todos os sentimentos é um dos primeiros passos para a cura, e é o que vai nos ajudar a nos tornar mais fortes e equilibrados para atravessar essa fase com mais coragem, confiança e equilíbrio emocional.