Como a liderança pode gerenciar melhor o estresse do time

Sabemos que o estresse faz parte da vida, mas se não houver alguns cuidados mínimos na relação com os demais e uma autoanálise, ele pode se tornar “uma desculpa” para as práticas abusivas da liderança.

Um levantamento divulgado por Jeffrey Pfeffer em 2019, no seu livro Morrendo Por Um Salário, mostra que 61% dos funcionários pesquisados afirmaram que o estresse no trabalho os deixou doentes, e que 7% deles chegaram a ser hospitalizados.

Além disso, Pfeffer constata que “o estresse ocupacional custa aos empregadores norte-americanos mais de US$ 300 bilhões por ano e pode causar 120 mil mortes excedentes a cada ano”. Na China não é diferente: cerca de “1 milhão de pessoas morrem por ano devido ao excesso de trabalho — literalmente morrendo por um salário”, segundo ele.

Ou seja, o autor descreve cenários que não podem ser ignorados e defende que essa forma de trabalhar não aumenta a produtividade ou o lucro. Pelo contrário, empresas e trabalhadores saem perdendo. Por isso, os líderes precisam redobrar os cuidados para não cometerem abusos.

É claro que não cabe à gestão fazer o diagnóstico emocional das pessoas da sua equipe, mas é papel dela promover espaços de confiança e atuar de forma preventiva, desenvolvendo recursos para ajudar quem precisa.

O primeiro passo para isso, na opinião de Amy C. Edmondson, autora de A organização sem medo: criando segurança psicológica no local de trabalho para aprendizado, inovação e crescimento, é necessário que a liderança realize o planejamento de uma cultura com maior liberdade e autonomia, extremamente necessárias para o melhor aproveitamento de talentos.

Para alcançar esse objetivo, é fundamental que líderes fomentem o desenvolvimento de um ambiente com Segurança Psicológica, onde as pessoas da equipe colaboram umas com as outras, ao ponto de em alguma situação ocorrer até uma “discussão saudável”, onde um tem a liberdade de dizer ao outro o que nem sempre é confortável de se ouvir, tendo confiança para expressar suas ideias e visões com naturalidade e de maneira construtiva.

Outras formas de diminuir os excessos no trabalho

Na obra Produtividade para quem quer tempo, Geronimo Theml recomenda alguns passos para ajudar as pessoas a equilibrarem as principais áreas da vida, “com menos esforço e mais felicidade”. Lições que certamente se estendem à liderança:

  • Estimule a produção de forma inteligente e equilibrada, priorizando o que é mais importante e possível de ser executado;
  • Incentive o time a organizar uma lista de tarefas semanais, ao invés de diárias, para que possam adquirir uma maior consciência sobre as demandas;
  • Aceite que é humanamente impossível dar atenção e executar completamente todos os papéis diários;
  • Apoie as pessoas a incluírem em sua lista de prioridades na vida: a família, amigos, saúde e a ajuda ao próximo para que as suas conquistas não fiquem centralizadas somente na empresa;
  • Vez ou outra incentive os colaboradores a revisitarem suas demandas ligadas ao famoso “tem que”. Todos vão perceber com o tempo que muitas delas são dispensáveis.

No final das contas será possível perceber que para lidar com o estresse diário, sem que ele passe dos limites, é uma questão não apenas de rendimento, produtividade ou foco, mas também de autoconhecimento para lidar com as adversidades e tudo aquilo que foge do controle.

Estes são alguns dos cuidados que você e o seu time podem ter sempre que focarem na saúde emocional mútua ou na construção de um ambiente com Segurança Psicológica. Por isso, é tão importante falarmos a respeito e aprendermos a lidar com as nossas emoções. Pense nisso!

Por Elaine Medeiros, jornalista e psicóloga