Dependência Química não é Vício
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a Dependência Química é uma doença crônica e caracterizada pelo uso descontrolado de uma ou mais substâncias psicoativas, com repercussões negativas na saúde física e emocional e nas áreas familiar, profissional, social, emocional, legal e financeira do indivíduo.
Já segundo o dicionário da Língua Portuguesa, vício significa um defeito ou deformação física, funcional ou moral; imperfeição grave de uma pessoa; prática frequente de ato considerado pecaminoso; tendência para contrariar a moral estabelecida, como depravação, libertinagem, mau hábito persistente; disposição natural ou tendência para praticar o mal e costume condenável ou prejudicial.
É fundamental perceber a diferença entre esses conceitos e assim entender o preconceito e estigma que o dependente químico sofre até os dias de hoje.
O consumo abusivo de substâncias psicoativas – elemento natural ou sintético, lícito ou ilícito que, utilizado por qualquer via, afeta o funcionamento do organismo e pode desencadear alterações no comportamento, no pensamento e no humor – é extremamente negativo e responsável por perdas incalculáveis na vida das pessoas.
Ocasiona também um número elevado de despesas para os órgãos de saúde pública e leva empresas à grandes prejuízos causados por perda de produtividade, diminuição do desempenho de inúmeros profissionais que impactam em sua lucratividade, sem contar as perdas geradas pelo absenteísmo, afastamentos e acidentes. Ou seja, a dependência química provoca danos imensos para toda a sociedade.
O sofrimento e adoecimento mental, incluindo a Dependência Química, é extremamente democrático e não tem relação com gênero, raça, cor, crença, idade ou classe social. Assim, qualquer pessoa pode se tornar dependente químico, seja pela pré-disposição biológica, condições psicológicas e/ou sociais vulneráveis e, portanto, pode atingir a todos sem distinções.
Ao contrário do que se imagina, a maioria dos abusadores de álcool e drogas está empregada no mercado formal de trabalho. Sabe-se que dois terços dos dependentes químicos está presente em alguma empresa pública ou privada, sendo que 10% deste contingente de milhões de indivíduos usam substâncias tóxicas durante seu expediente de trabalho e tais comportamentos não são restritos aos cargos de nível médio e básico, mas estão presentes também nas lideranças.
A Dependência Química é considerada pela OMS uma doença muitas vezes letal, portanto necessita ser tratada com o objetivo de buscar a recuperação das pessoas, como também é preciso aumentar os programas preventivos, pois, dessa maneira, ganham todos: o trabalhador, que resgata sua saúde, autoestima e reencontra seu papel social; a família, que invariavelmente vive situações dramáticas e pode ter um cotidiano sem sobressaltos; e a empresa, que não só deixa de ter prejuízos, como passa a ter uma maior produtividade.
A prevenção ao abuso de álcool e outras drogas e a sua identificação precoce são fundamentais para evitar o desenvolvimento da Dependência Química, pois quanto mais rápido a intervenção chegar a quem precisa de ajuda, menor será o prejuízo provocado.
Infelizmente as pessoas em geral ainda apresentam dificuldades em lidar com o tema devido à falta de conhecimento, preconceitos e estigmas que cercam essa temática.
Tendo em vista essa realidade, é imprescindível disseminar informações sobre esta terrível doença, por meio de campanhas de conscientização e entender que esta é uma jornada coletiva em direção ao cuidado eficaz da saúde integral das pessoas.
Convidamos você a participar e colaborar com essa empreitada para que, juntos, possamos compreender, acolher e apoiar àqueles que enfrentam o abuso de substâncias e ajudar a promover uma sociedade cada vez melhor e mais saudável.
Então, que tal começar a fazer a sua parte e a partir de agora não usar mais a palavra vício como um sinônimo de Dependência Química e contribuir para uma cultura com menos discriminação e mais conscientização e inclusão das pessoas?!