Dependência Química – quando o álcool e outras drogas podem colocar vidas em risco!

A informação é a grande aliada na prevenção e no tratamento da Dependência Química!

Para estimular a sociedade a refletir sobre os impactos da Dependência Química, bem como disseminar informações sobre o tema, o Ministério da Saúde instituiu o Dia Nacional do Combate às Drogas e ao Alcoolismo, celebrado anualmente em 20 de fevereiro.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a Dependência Química é uma doença crônica, caracterizada pelo uso descontrolado de uma ou mais substâncias psicoativas, e que causa sérios danos nas áreas familiar, profissional, social, emocional, financeira e física do indivíduo.

A sensação de prazer e o alívio da tensão proporcionados pelo consumo do álcool ou outras drogas fazem com que a pessoa repita o uso e aumente a quantidade e a frequência da utilização, sem se dar conta.

De uma forma geral as pessoas não percebem a progressão deste uso e de seus prejuízos, dificultando a busca por ajuda, pois acreditam que podem interromper o consumo a qualquer momento.

“Muitos indivíduos que desenvolveram a Dependência Química vivenciam a ilusão do ‘falso controle’, pois acreditam e tentam convencer os outros de que podem parar a qualquer momento ou ainda de que têm controle sobre o uso do álcool ou de outras substâncias”, explica Patrícia França Proença, Psicóloga e especialista da Mental Clean.

Segundo a especialista, é comum nestes casos a negação da dependência e a utilização de promessas como forma de adiar um tratamento.

A negação pode ser exemplificada com frases como: “isso não pode estar acontecendo”, “eu não sou alcoolista, eu paro quando quiser”, “uso drogas de vez em quando”, ou ainda, “posso parar a qualquer momento”, o que normalmente não ocorre.

A ONU aponta que 35 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem de transtornos decorrentes do uso de drogas. Dessas, apenas uma em cada 7 recebe tratamento.

“As pessoas ainda apresentam dificuldades em lidar com o tema devido à falta de conhecimento, ao preconceito e aos estigmas que cercam o universo da Dependência Química”, pontua Patrícia França.

A especialista ressalta ainda que “a prevenção ao abuso de álcool e outras drogas é fundamental para evitar o desenvolvimento da Dependência Química”, diz Patrícia.

Conhecer para enfrentar!

É importante entendermos que Droga ou Substância Psicoativa trata-se de qualquer substância, lícita ou ilícita, que, quando consumida e metabolizada pelo organismo, afeta sua estrutura ou função, podendo desencadear alterações no comportamento, pensamento e humor

Apresentamos a seguir, informações sobre os principais tipos de Drogas:

Depressoras: Diminuem a atividade mental, fazendo com que o cérebro funcione de forma mais lenta. Exemplos: Álcool, Benzodiazepínicos, Calmantes, Inalantes, Morfina e Sedativos.

Estimulantes: Aumentam a atividade mental, fazendo com que o cérebro funcione de forma mais acelerada. Exemplos: Anfetaminas, Cafeína, Cocaína, Crack e Tabaco.

Drogas Alucinógenas ou Perturbadoras: Alteram a percepção, fazendo com que o cérebro passe a trabalhar de forma confusa, provocando alterações na visão, na audição e no tato. Exemplos: Maconha, Êxtase ou Ecstasy, Ayahuasca (Chá do Santo Daime), LSD, Cogumelo.

É considerado “uso” qualquer consumo de substância psicoativa, porém nem todo uso é patológico ou problemático. “Mas, mesmo o consumo ocasional não é isento de riscos”, alerta a Psicóloga da Mental Clean.

Consumo de álcool

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), não existe um nível seguro para o consumo de álcool. Porém, há um padrão de consumo de risco que pode trazer prejuízos para a saúde física e mental do indivíduo.

Os dados abaixo apresentam uma referência de equivalência de doses:

Consideramos 1 Dose:

1 lata de cerveja (350 ml)

1 taça de vinho (140 ml)

40 ml de uísque, cachaça ou vodka

85 ml de licor

Para elucidar os padrões de consumo de risco, confira as seguintes classificações:

Beber de Risco

▪ + de 2 doses por dia;

▪ não conseguir deixar de beber pelo menos 2 dias na semana;

▪ + de 14 doses por semana (homens);

▪ + de 7 doses (mulheres);

Beber Intenso

▪ Exceder 5 doses pelo menos uma vez por semana.

Consumo Compulsivo Periódico de bebida

▪ Ingestão intensa durante um período prolongado escolhido de maneira propositada, conhecido como “porre” e “pileque”.

Beber pesado

▪ Consumo de 5-6 doses de álcool em uma única ocasião ao menos uma vez por mês.

Qualquer pessoa pode se tornar um dependente químico, seja pela pré-disposição biológica, condições psicológicas ou sociais, independentemente de raça, cor, crença, idade ou classe social.

Como identificar sinais de abuso de álcool e drogas no ambiente de trabalho?

Os problemas no ambiente de trabalho ocasionados pelo uso de abuso de álcool e/ou drogas são os mais diversos e vão desde questões mais simples, até acidentes fatais envolvendo o usuário e outros colaboradores.

O próprio funcionário pode ser a principal fonte de informação de que algo não vai bem, por meio de seu comportamento e desempenho, que sofrem alterações visíveis quando apresenta problemas relacionados ao uso ou dependência de substâncias.

Destacamos alguns desses sinais que podem ser identificados por colegas ou gestores, que possuem um papel fundamental na prevenção do adoecimento emocional do seu time:

Absenteísmo

▪São funcionários que recebem um maior número de licenças, muitas vezes por doenças vagas como resfriados, gripes, enxaquecas, dores generalizadas.

▪ Faltam com maior frequência.

▪ Apresentam ausências de curta duração, com ou sem comprovantes médicos.

▪ Apresentam ausências frequentes quando teriam que retornar a seus turnos de trabalho.

▪ Ausentam-se de suas atividades sem autorização da liderança.

Presenteísmo

▪ Prolongam mais seus tempos de almoço e “cafezinho”.

▪ Apresentam preocupação frequente, ficando mais “aéreos” no trabalho, com diminuição de concentração e foco.

▪ Frequentam o banheiro, bebedouros e sala de descanso com uma frequência maior que a maioria das pessoas. A frequência constante ao banheiro pode ser por náuseas, vômitos, diarreias ou para utilização da substância.

Baixa produtividade

▪ Apresentam produtividade e desempenho insatisfatórios.

▪ Encontram mais dificuldades para a aquisição de novos conhecimentos.

▪ Esquecem compromissos de trabalho, tais como reuniões e prazos de entrega.

▪ Começam a demandar de um tempo maior para a realização de tarefas.

▪ Apresentam dificuldade em reconhecer seus erros.

▪ Apresentam dificuldades com tarefas complexas.

Altas taxas de acidentes

▪ Envolvem-se mais em acidentes dentro e fora do trabalho.

▪ Apresentam menor compromisso com o uso dos equipamentos de segurança.

▪ Por estarem mais “aéreos”, prestam menos atenção às instruções de segurança.

Como tratar a Dependência Química?

Por ser uma doença crônica, a Dependência Química requer um diagnóstico feito por profissionais especialistas em Saúde Mental (Psicólogo e/ou Psiquiatra), que levarão em consideração as especificidades de cada caso.

A partir dessa análise criteriosa são definidas as estratégias de tratamentos, que podem incluir medicamentos, acompanhamento psicoterapêutico, medicamentos, participação em grupos de apoio a dependentes, como os Narcóticos e Alcoólicos Anônimos.

Caso identifique que alguém da sua equipe esteja com problemas relacionados ao abuso de álcool e outras drogas, busque ter uma conversa franca com essa pessoa, mostrando concretamente os motivos que te preocupam em seus comportamentos e sugira que possa buscar uma ajuda para transformar e melhorar a sua vida. É comum as pessoas que fazem abuso de substâncias negarem seus prejuízos para manterem seus comportamentos de risco, portanto, entenda essa postura e siga buscando sensibilizar para uma mudança de vida mais saudável, com bem-estar e equilíbrio emocional.