O melhor pai que você pode ser
Diferente do que alguns podem pensar quando se fala na criação dos filhos, ser pai também é um papel desafiador, por inúmeras razões:
– Você só passa a ter de fato contato com a criança e “cair a ficha” depois que ela sai da barriga da mãe;
– A partir daí será preciso aprender e se adaptar à ideia de que sua mulher também passou a ser mãe e precisará dividir a atenção com outro serzinho, que acabou de chegar, ao ponto de você se tornar secundário por algum tempo nessa nova relação;
– Ninguém te conta isso, mas você vai precisar ser um bom exemplo o tempo todo, mesmo que essa criança reclame e te faça pensar o contrário algumas vezes.
Não foi à toa que o Ministério da Saúde criou o PNAISH (Programa Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem) e lançou nos últimos anos a Estratégia Pré-Natal do Parceiro, cujo foco é apoiar a mulher durante o período de gestação, estimular a participação do parceiro no parto e nos cuidados básicos com o recém-nascido.
Além disso, o Programa incentiva os pais a cuidarem da própria saúde, realizando junto com a parceira os seus exames de rotina, testes rápidos, atualização da caderneta de vacinação e a participação nas atividades educativas nos serviços de saúde. Tudo como forma de promover a paternidade ativa e fazer com que esse homem se enxergue como protagonista nessa nova fase da sua vida como pai.
No final das contas, ser pai é aprender constantemente que por mais que você se doe, não será perfeito. Que vai ter horas que você só gostaria de descansar ou ter um pouco de privacidade, mas isso não será possível nos primeiros anos porque existe alguém que vai depender integralmente de você e de toda sua ajuda, por um longo período.
Na correria do dia a dia, você também vai precisar encaixar as funções paternas em sua rotina, sem perder de vista a importância de ser alguém presente na construção de uma relação saudável e próxima com essa criança que cresce a cada dia.
Mas tem um detalhe: apesar de não existir uma receita perfeita de relacionamento familiar, em suas diversas fases, boas doses de amor, companheirismo com a mãe, paciência e compreensão consigo e suas limitações, serão os melhores caminhos.
Afinal, ser pai é uma aventura indescritível, repleta de boas emoções e situações inusitadas que vão te surpreender positivamente.
No seu estudo sobre Tornar-se pai, tornar-se mãe: o processo de construção da parentalidade, publicado em 2010, a psicanalista e professora Silvia Maria Abu-Jamra Zornig já defendia a ideia de que a construção da parentalidade, a partir dos conceitos psicanalíticos, passa pelo questionamento de um modelo familiar ideal e diz que “o processo de tornar-se pai e tornar-se mãe é um longo percurso que se inicia muito antes do nascimento de um filho (…) este percurso se inicia na infância de cada um dos pais. O nascimento de um filho produz uma mudança irreversível no psiquismo parental, podendo inclusive, auxiliar na retificação de sua história infantil.”
Portanto, se por um lado não existe uma “fórmula mágica ideal”, pelo outro é no contato consigo e que com tudo aquilo que te faz bem, como o convívio de perto com a criança, que você se reconecta, adquire mais autoconhecimento com o passar do tempo e consegue passar os seus valores e legado, por conta do vínculo criado, tão necessário para a saúde mental de ambos.
Seja a melhor pessoa que você conseguir ser em termos de determinação, foco e autocuidado físico e emocional, com seus erros, acertos e aprendizados, para que o restante ao seu redor seja consequência em qualquer papel que desempenhar. Feliz Dia dos Pais!
Por Elaine Medeiros, jornalista e psicóloga