Maio Furta-Cor – A Saúde Mental Materna em Foco
Maio, tradicionalmente dedicado às mães, desde 2021 também é um mês para refletir sobre a saúde mental materna, com a criação da Campanha Maio Furta-Cor, que visa aumentar a conscientização sobre os desafios emocionais que as mulheres enfrentam durante e após a gestação.
Um estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), publicado em 2021, revela que uma em cada cinco mulheres brasileiras sofre de depressão pós-parto, especialmente no período entre 6 e 18 meses após o nascimento do bebê (Fonte: Estudo “Nascer no Brasil”, Fiocruz, 2021).
A saúde mental das mulheres durante esse período é profundamente impactada por mudanças hormonais, além de fatores psicológicos e sociais. A alteração hormonal imediata após o parto pode resultar no chamado baby blues, uma condição temporária e autolimitada que surge nos primeiros dias após o nascimento. Ela é caracterizada por sentimentos de tristeza, irritabilidade, choro fácil e alterações de humor. Esses sintomas são atribuídos às flutuações hormonais e ao estresse da adaptação à nova maternidade, tendendo a desaparecer espontaneamente em até duas semanas.
Diferentemente do baby blues, a depressão pós-parto é uma condição mais grave e persistente, que pode se manifestar até um ano após o nascimento do bebê. Os sintomas incluem tristeza profunda, desinteresse por atividades diárias, dificuldade em cuidar do bebê e em manter vínculos sociais.
A maternidade também traz desafios emocionais relacionados à pressão de equilibrar a vida profissional com a familiar, intercorrências no parto, perdas gestacionais ou prematuridade. Quando esses fatores não são adequadamente tratados, podem evoluir para transtornos emocionais mais graves.
Prevenção e acompanhamento
A prevenção de transtornos mentais na maternidade deve começar já na assistência pré-natal, com a identificação de fatores de risco, como histórico de problemas de saúde mental, contexto familiar e rede de apoio. A psicóloga Carolina Leão destaca que, ao identificar esses riscos, a equipe de saúde pode encaminhar a gestante para tratamento, evitando que o quadro evolua para condições mais severas.
O apoio da família é fundamental na redistribuição das responsabilidades domésticas e dos cuidados com o bebê, o que pode ajudar a aliviar a pressão sobre a mãe, permitindo que ela se concentre em sua recuperação emocional.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta que a depressão pós-parto é uma das principais causas de morte no primeiro ano após o parto, e estima-se que a taxa de suicídios nesse período seja de 3,7 mulheres por 100 mil nascidos vivos. Esses dados destacam a seriedade do problema e a necessidade urgente de atenção à saúde mental materna.
É essencial que as mulheres recebam apoio psicológico e médico durante e após a gestação para garantir sua recuperação emocional e física. Com suporte adequado, as mães podem superar os desafios emocionais dessa fase e proporcionar um ambiente mais saudável para elas e seus bebês.
A saúde mental materna é crucial para o bem-estar de toda a família. A prevenção, o acolhimento e o tratamento adequado são fundamentais para que as mulheres possam atravessar o período pós-parto de forma saudável e equilibrada, sem comprometer sua saúde emocional.
O movimento Maio Furta-Cor tem um papel vital ao destacar a importância dessas questões, estimulando as mães a buscarem o apoio de que precisam e sensibilizando a sociedade como um todo para oferecer suporte durante essa fase desafiadora.